Morador da favela diz que alguns têm medo de abuso policial e de deixar suas casas e terem TV e eletrodomésticos furtados
Morador da Rocinha há mais de 30 anos, P.J. conversou com a BBC Brasil pelo telefone para falar sobre a expectativa pela ocupação da comunidade por forças policiais, que devem instalar no local uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
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P.J, que pediu anonimato, concordou em fazer um diário para a BBC Brasil, contando o que se passa no local antes, durante e depois da ocupação.
Leia abaixo seu depoimento:
Sexta-feira, 11/11/2011: "O clima na Rocinha está tenso e confuso porque os moradores não sabem o que está realmente por vir. Alguns estão com medo de deixar suas casas e terem objetos como televisão e eletrodomésticos furtados, como aconteceu na tomada do Complexo do Alemão. Temem também abusos de autoridade por policiais.
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Não estou com medo, mas estou apreensivo. Minha família toda vai ficar em casa. Não tenho saída. Tenho de trabalhar no domingo. Quero dar uma vida digna aos meus pequenos, com a certeza de uma Rocinha melhor. Mas só vou mesmo acreditar na vida sem a influência do tráfico quando puder andar com meus filhos tranquilamente.
Nunca vivi algo parecido, uma sensação de liberdade, de poder ir e vir, de falar para o taxista que moro na Rocinha e não mais dizer que moro em São Conrado só para ser levado. Estou muito otimista, muito mesmo. Sabemos que o tráfico continua em favelas da UPP, só que não armados nem impondo nada a ninguém. Da polícia, eu espero uma ação tranquila, que eles façam o trabalho deles.
Acho que uns 90% dos moradores apoiam a instalação da UPP. Tenho mais de 30 anos de Rocinha. Já faz uns cinco anos que não se vê polícia subindo o morro. Não sabemos dos possíveis problemas da pacificação. Nunca vivemos isso, e só sabemos pela imprensa o que aconteceu em outros morros. Vamos ver no domingo o que vai acontecer. O morro hoje está numa aparente tranquilidade."
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